Família

O sistema familiar é como um ser vivo que, assim como a pessoa individualmente, passa por um processo de crescimento para atingir níveis de maturidade.

Para atingir esta maturidade, esta evolução, a família enfrenta diferentes estágios e, em cada um deles, existe uma complexidade de papéis que cada membro da família terá que desempenhar, uns em relação aos outros.

É como um sistema de relações que opera de acordo com certos princípios básicos e que evolui no seu desenvolvimento, de um modo particular e complexo determinado por inúmeros fatores.

Andolfi (1984) afirma que:

A família é um sistema ativo em constante transformação, ou seja, um organismo complexo que se altera com o passar do tempo para assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial de seus membros componentes. Esse processo dual de continuidade e crescimento permite o desenvolvimento da família como unidade e, ao mesmo tempo, assegura a diferenciação de seus membros.

A necessidade de diferenciação entendida como a auto expressão de cada indivíduo funde-se com a necessidade de coesão e manutenção da unidade no grupo com o passar do tempo.

Teoricamente, o indivíduo é membro garantido em um grupo familiar que seja suficientemente coeso e do qual ele possa se diferenciar progressivamente e individualmente, tornando-se cada vez menos dependente em seu funcionamento do sistema familiar original, até poder separar-se e instituir, por si mesmo, com funções diferentes, um novo sistema.

Quando olhamos para uma família podemos descrevê-la como tendo uma estrutura mais ou menos rígida, considerando a qualidade de suas regras, a definição de sua hierarquia, o delineamento dos papéis assumidos por seus membros e outros tantos aspectos é que nos dão um retrato estrutural daquela família.

Nosso enfoque neste trabalho foi o olhar sobre a família dentro da perspectiva do seu ciclo vital.

Podemos ter vários tipos de olhares com os quais se pode descrever uma família: suas origens étnicas e raciais, sua inserção cultural e social e assim por diante.

Independentemente do olhar ou dos teóricos pode-se identificar pontos comuns a todos.
Uma questão comum a todos os sistemas é que: O sistema familiar, ao longo de seu ciclo vital, enfrenta estressores verticais e horizontais (Carter & McGoldrick, 2001).

O eixo vertical: padrões de relacionamento e funcionamento que são transmitidos transgeracionalmente (ex: atitudes, experiências, tabus, rótulos, questões opressivas familiares, etc).

O eixo horizontal: questões desenvolvimentais, tanto aos eventos predizíveis (casamento, nascimento dos filhos, entrada dos filhos na escola…), como os impredizíveis (morte prematura, nascimento de criança deficiente, guerra, acidentes em geral, etc).

A família como todo sistema tem uma estrutura e uma dinâmica.

A família também é um lugar de encontros e de desencontros, por causa das singularidades que a forma. A família também é um lugar onde se tem riquezas e dilemas.

A família é o lugar para exercitarmos uma coisa que é muito difícil e apaixonante que é a comunicação melhor, (quer dizer produtiva) entre pais e filhos e entre o cônjuge.

Esta estrutura e dinâmica da família acontece a partir da compreensão de que a família é um sistema, que é um organismo vivo. Neste sistema ela é composta de unidades que interagem que mantem uma interação e esta interação são de tal forma que atingir uma dessas unidades é mexer com a família inteira.

Por isso uma coisa que acontece com um dos filhos, ou com o pai, ou com a mãe altera significativamente o equilíbrio do sistema e o sistema reage a isto para se acomoda r ao que está acontecendo.

Essa nossa de sistema é importante, absolutamente importante, ela vem de uma afirmação da metade do século XX por volta dos anos 60 de um sujeito chamado: Bertalanffy.

Família
Abner Morillas

Sobre o Autor

Abner Morillas

Pastor, psicólogo (CRP 43974-6). Doutor em Psiquiatria (FMUSP). Mestre em Ciências Médicas (FMUSP). Especialista em aconselhamento, professor na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.